Música erudita ganha jovens admiradores
A música pode levar alguém a caminhos inimagináveis, que começam de uma forma despretensiosa. Foi assim que a estudante Kárita Rocha de Paiva, de 23 anos, descobriu na sonoridade do violino uma paixão sem volta.
O interesse musical surgiu bastante cedo, aos 15 anos. No entanto, tratava-se apenas de um hobby que começou com as cordas do violão. “Comecei a estudar violão pra aprender a tocar as músicas que eu gostava, e então um amigo me apresentou o violino. Quando comecei a tocar, nunca mais peguei em um violão novamente”, conta a violinista.
Kárita decidiu que naquele instrumento estaria seu futuro profissional. Hoje, é aluna do último período do curso de Artes com Habilitação em Música pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), e monitora das aulas de violino no Projeto Música para Todos.
Tendo preferência pelo estilo barroco, que tem como maiores expoentes os compositores Vivaldi, Bach e Rendel, a garota aguarda a conclusão do curso superior para se dedicar a educação musical.
Assim como Kárita, muitos jovens encontram na música erudita um novo começo, estimulado pela convivência em grupo, pela produção criativa e por todas as habilidades que interpretar uma melodia exige de alguém.
Foi para obter este efeito poderoso nesse público que o Projeto Música para Todos e a UFPI se uniram na criação do Projeto “Orquestra de cordas e coro infanto-juvenil”, que hoje conta com 70 pessoas, entre crianças e jovens. A proposta é criar um conjunto musical que viabilize duas formações: coral e orquestra infanto-juvenil.
O Música para Todos concede o espaço físico para os ensaios, os instrumentos musicais e o transporte dos jovens para os locais das apresentações. A UFPI entra com as aulas, ministradas pelo professor e maestro Cássio Martins.
Para atrair integrantes, o professor e a equipe do Música para Todos visitaram bairros da capital em busca de jovens e crianças que tenham interesse em aprender música. “Nós propusemos a eles o aprendizado de um estilo musical que possibilite uma interação social muito grande, que é a música sinfônica”, esclarece Cássio Martins.
Como a música erudita muitas vezes é estranha para a grande maioria das crianças e jovens do Piauí, o professor segue uma estratégia. “O público jovem tem uma tendência a querer desenvolver seu aprendizado com o instrumento que está na moda, pra tocar aquilo que ele gosta de ouvir. Por isso, nós começamos com músicas folclóricas e regionais, pra facilitar o contato. Com o passar do tempo, vamos inserindo outros estilos e eles se envolvem muito”, explica.
Segundo ele, a prática de orquestra traz aos seus praticantes inúmeras vantagens que vão além do aprendizado musical. “A orquestra é como uma empresa, que é subdividida em setores que trabalham conjuntamente para obter um determinado resultado, que no caso, é o som. Isso exige de cada membro disciplina, produção criativa, audição musical, espírito de equipe, satisfação pessoal, além de ocupar a mente dessas crianças. Eles têm metas pra cumprir, sem falar que isso proporciona um ambiente favorável pra se fazer amizades. A música é uma das formas de arte mais poderosas para gerar esses resultados”, analisa.