O IMPACTO DA MÚSICA DE BACH NA ATUALIDADE
Considerado um dos mais importantes artistas da história da música, Johann Sebastian Bach, nasceu em 1 de março de 1685, Eisenach, Alemanha e morreu em 28 de julho de 1750, Lípsia, Alemanha, aos 65 anos, foi um músico, compositor, cantor e organista alemão. Bach faz parte da tríade dos maiores músicos eruditos ao lado de Beethoven e Mozart.
Luterano de formação, Johann Sebastian ficou órfão de mãe aos nove anos e de pai, que foi seu professor de violino e violam, aos dez anos. Sem outra alternativa, foi morar com o irmão mais velho, Johann Christoph, organista da Igreja de São Miguel, em Ohrdruf. Com o auxílio do irmão, aprendeu a tocar cravo e órgão.
Ao órgão, além de uma incrível agilidade nos pedais, suas mãos enormes cobriam doze teclas, com que pôde desenvolver uma revolucionária técnica de dedilhado. Bach foi o primeiro a usar o polegar, e não apenas os quatro dedos, como os organistas anteriores a ele. Bach foi o responsável por desagregar a música do canto e da dança, dando-lhe vida própria. Foi na Prússia, a pedido do conde Hermann von Keiserling, que Bach compôs as célebres Variações Goldberg.
Com 15 anos, deixou Ohrdruf e seguiu para Lüneburg, onde passou a ganhar o sustento como cantor do Mettenchor e do Chorus Symphoniacs, onde a sua bela voz de soprano infantil foi aproveitada para destacá-lo como solista nas apresentações do coral. Quando a mudança de voz interrompeu a sua carreira de cantor, Bach continuou a manter-se com os instrumentos de corda. Com 18 anos, mudou-se para Weimar, onde aceitou um emprego como violonista na corte de Johann Ernst, duque de Weimar. Nessa época, Bach já tinha produzido o prelúdio para órgão “Cristo Jaz nos Braços da Morte”.
Naquela época, Bach tocava órgão três vezes por semana e lecionava música aos jovens do coro da igreja. Durante esse período produziu “Tocata e Fuga em Dó Maior”, para cravo, “Fantasia e Fuga em Sol Menor”, para órgão, e o “Prelúdio e Fuga em Lá Menor”, para órgão. Em 1707, foi contratado para ser organista da Igreja de São Brás, em Mühlhausen, com sólida tradição de importantes músicos. Nessa ocasião, compôs “Das Profundezas Clamamos”. Compôs também “Deus é Meu Rei”, cantata de n.º 7, inspirada no versículo do Antigo Testamento. Por ordem do Conselho, teve a sua primeira cantata impressa. Acusado de forasteiro, pediu demissão. Em 1708, compôs “Passacaglia e Fuga em Dó Menor”, “Coração e Boca, Ação e Vida”, que inclui o famoso coral “Jesus e Alegria dos Desejos Humanos”, uma de suas composições mais populares.
Em 1717, descontente com o Príncipe Wilhelm Ernst porque não fora nomeado mestre de capela, pediu demissão e partiu com a esposa e os quatro filhos para Coethen, contratado pelo príncipe Leopold como mestre de concertos. Sentiu-se deslocado na calvinista Coethen, onde a austeridade do culto religioso dispensava o elemento musical. Adaptou-se à música instrumental profana e compôs “Concertos de Brandenburgo”, concertos para violino e várias sonatas. Em 1722 concorreu para diretor da Escola de São Tomás em Leipzig com as obras “Jesus Nomeia os Doze” e “A Paixão Segundo São João”. Bach conquistou a vaga. Apesar de lecionar para jovens e ter diversos atritos com o Conselho de Leipzig, não parava de compor. Em 1728, na Sexta Feira Santa, quando apresentou pela primeira vez a “Paixão Segundo São Mateus”, o público reagiu com hostilidade.
VIDA PARTICULAR E POLÊMICAS
A personalidade difícil de Bach levou-o a sucessivos atritos com as autoridades eclesiásticas, com os músicos da igreja e mesmo com os fiéis, por variações e dissonâncias que introduzia em suas músicas. Eram mudanças no andamento e na duração dos prelúdios de cantatas, ora lentos e demorados, ora rapidíssimos e curtos, os quais desconcentravam os cantores e a congregação. Além disso, criticavam a sua aspereza no trato com os integrantes do coro.
Bach contrariou o Conselho Comunal, levando ao palco do coro (destinados apenas aos homens) a cantora Maria Barbara Bach, sua prima e futura esposa. No dia 17 de outubro de 1707, Bach casou-se com a sua prima Maria Barbara. O casamento durou 13 anos, até o falecimento da esposa. Juntos, Bach e Maria Barbara tiveram sete filhos. Três morreram quando ainda eram bebês. Dos quatro que resistiram, dois se tornaram músicos profissionais como o pai (Wilhelm Friedemann Bach e Carl Philipp Emanuel Bach).
Em 1720, faleceu Maria Barbara e, no ano seguinte, Bach casou-se com a soprano Anna Magdalena Wilcken, então com vinte anos. A moça era dezesseis anos mais jovem que o músico. O segundo casamento de Bach ocorreu no dia 3 de dezembro de 1721, em Köthen. O casal permaneceu junto por 28 anos (até o falecimento de Bach), e teve, no total, 13 filhos (sete morreram ainda jovens). Desse casamento, por coincidência, também dois filhos tornaram-se músicos profissionais (Johann Christoph Friedrich Bach e Johann Christian Bach).
ÚLTIMOS ANOS DE VIDA
A partir de 1740, Bach se afasta aos poucos da Escola. Em 1747, com 62 anos, se sentia pesado e andava lentamente. Em uma viagem a Potsdam, foi conduzido pelo rei Frederico II ao salão onde se realizava um concerto e foi respeitosamente acolhido pelos nobres. Foi levado para ver um instrumento inventado pelo italiano Bartolomeo Cristofori.
Bach sentou-se diante do piano e dedilhou o teclado. Em seguida, tomou lugar diante de um velho cravo e improvisou sobre os temas sugeridos pelo rei. Ao terminar, sentiu o calor dos aplausos. Jamais soubera o significado do triunfo. De volta a Leipzig, desenvolveu a obra “Oferenda Musical” e enviou a Frederico II. No fim da vida, a revisão dos dezoito “Prelúdios de Coral para Órgão” lhe pesou como um grande sacrifício. A sua última obra “A Arte da Fuga”, foi produzida quando a sua visão já estava debilitada. Aos 65 anos, Bach morreu cego.
O RECONHECIMENTO PÓSTUMO DE BACH
A obra de Bach permaneceu na obscuridade até que, em 1829, o compositor Felix Mendelssohn apresentou em Berlim a “Paixão Segundo São Matheus”, cuja partitura descobrira por acaso. Na segunda metade do século XIX foi criado o Bach Gesellschaft, um instituto responsável por coletar toda a sua produção. Graças à esse trabalho, o mestre começou a ser consagrado. Parte do folclore criado em torno de Bach afirma que ele foi um organista celebrado, mas como compositor foi incompreendido em seu tempo.
De qualquer forma, a posição de Bach como um dos mais brilhantes luminares da música ocidental parece definitivamente assegurada, sua produção é uma das bases do atual repertório de concertos e para muitos críticos ele é o maior compositor de todos os tempos. A lista de compositores notáveis ao longo dos séculos XIX e XX que demonstraram ter recebido sua influência é impressionante, incluindo mestres que, por sua vez, foram de imensa importância e eram alinhados a estéticas muito afastadas dos princípios barrocos.Além dos já mencionados Beethoven, Haydn, Mozart, Mendelssohn, Schumann, Wagner e Brahms, cite-se mais alguns: Chopin, Liszt, Mahler, Reger, Saint-Saëns, Busoni, Debussy, Ravel, Fauré, Casella, Schoenberg, Berg, Hindemith, Malipiero, Respighi, Franck, Honegger, Elgar, Walton, Britten, Copland, Harris, Villa-Lobos, Reich e Andriessen.
O impacto de sua música não mais se restringe à música erudita, e tem sido detectado também na música pop, como no rock progressivo, e nos inúmeros arranjos que são feitos de sua música para atender ao gosto de outras plateias, como o Funk paulista e também do gênero chamado crossover, do qual é um exemplo notório a série de arranjos feitos por Wendy Carlos para a trilha sonora do filme Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick. Diversos famosos músicos populares também declararam ser de alguma forma seus devedores, como Nina Simone, Dave Brubeck e Keith Jarrett.
Ele também se tornou personagem de vários filmes e documentários, entre eles Johann Sebastian Bachs vergebliche Reise in den Ruhm (direção de Victor Vicas, 1979/1980);Johann Sebastian Bach (direção de Lothar Bellag, 1983/1984) e Mein Name ist Bach (direção de Dominique de Rivaz, 2002/2003). Um asteroide recebeu o seu nome (1814 Bach), sua efígie já foi impressa em selos, moedas e medalhas, e os monumentos em sua honra se multiplicam pelo mundo.