SÃO RAIMUNDO NONATO CELEBRARÁ 50 ANOS DA CHEGADA DE NIÉDE GUIDON E RECEBERÁ APRESENTAÇÕES DO MÚSICA PARA TODOS!
No último sábado (14/09), o Música Para Todos recebeu a visita da Srª. Socorro Macêdo, empresária e Produtora Cultural de São Raimundo Nonato, e do renomado fotógrafo e jornalista André Pessoa.
André Pessoa é pernambucano e chegou ao Piauí em 1993, recebeu o título de Cidadão Piauiense, proposto pela Deputada Margareth Coêlho, em 2013, em reconhecimento ao seu valoroso trabalho.
O fotojornalista pôs o Piauí nos jornais e revistas do mundo e em parceria com o Grupo Meio Norte de Comunicação, fez inúmeras campanhas ambientais em prol da natureza do Piauí. Nos últimos anos consolidou seu trabalho no exterior, fazendo exposições e trabalhos de produção para emissoras da Europa e da Ásia.
André Pessoa e D. Socorro Macedo vieram convidar o Música Para Todos para se fazer presente em um evento muito importante que acontecerá no Anfiteatro da Pedra Furada. “Em 2020, teremos uma data simbólica que comemorará os 50 anos da chegada da arqueóloga, pesquisadora paulista, Niède Guidon, ao Piauí. Será dia 05 de junho, dia do aniversário do Parque Nacional da Serra da Capivara e Dia Mundial do Meio Ambiente, e aproveitaremos essa data para celebrar esse meio século da chegada da Drª Niéde ao Piauí!”, declarou André Pessoa em entrevista para o Programa Música Para Todos na TV!
Sobre o Música Para Todos – Realizado pelo Instituto Cultural Santa Rita, o Música Para Todos foi criado em Teresina (PI), em 1999, e atualmente oferece, de forma gratuita, Cursos Livres, Iniciação Musical e Prática em Orquestra, para milhares de crianças, jovens, adultos e idosos. A Instituição tem por objetivo transformar vidas através da música e da arte. Já foram beneficiados com a iniciativa mais de 40 mil alunos tanto na capital como no interior do estado, alcançando 2.007.319 presenças em salas de aulas (2005-2018).
Apoio Cultural – Em 2019, o Música Para Todos completa 20 anos e orgulha-se em receber, através da Lei de Incentivo à Cultura e Lei do SIEC (Sistema de Incentivo Estadual de Cultura – Governo do Estado do Piauí) Patrocínio do Armazém Paraíba, Pintos, Frigotil e SESI, empresas que acreditam no poder transformador da arte e da cultura.
SAIBA MAIS SOBRE ANDRÉ PESSOA
Um documentário do Globo Ciência sobre a Serra da Capivara, apresentado pelo jornalista Sérgio Brandão, fez os olhos do pernambucano André Pessoa brilharem, no final dos anos 80. Era muita beleza e riqueza histórica em um só lugar. O interesse por arqueologia marcou sua vida desde a adolescência, razão por tanto encantamento. E foi dos vários amigos piauienses que ele fez ao longo da vida e que estudavam na Universidade Estadual da Paraíba, que surgiu o convite: “venha conhecer a Serra da Capivara, faremos questão de te receber”.
Na Caatinga, ele encontrou o seu caminho
O ano de 1989 estava chegando ao fim e ele decidiu percorrer cerca de mil quilômetros de ônibus entre Recife e a longínqua, ainda desconhecida e isolada cidade de São Raimundo Nonato. Na estrada, o encantamento já tomou conta do seu olhar. A Caatinga rala que ele conhecia da sua infância em Pernambuco era completamente diferente, lembrava mais uma floresta, apesar de ter as mesmas cactáceas que marcam as paisagens nordestinas. E foi nesse ambiente que ele encontrou o seu caminho. Descobriu a arte da fotografia, o amor pela pesquisa e levou a Serra da Capivara e o trabalho de Niède Guidon aos lugares mais distantes dali, através de suas lentes fotográficas. Hoje o fotógrafo, jornalista e produtor cinematográfico é referência dentro e fora do país, tendo na sensibilidade da imagem sua maior marca.
“Na parceria com o Grupo Meio Norte de Comunicação fiz inúmeras campanhas ambientais em prol da natureza do Piauí. Fui um dos primeiros jornalistas a sustentar a criação do Parque Nacional Nascentes do Parnaíba”, declarou.
Entrevista de André Pessoa para o Jornal Meio Norte
Jornal Meio Norte: E no exterior, como tem sido visto seu trabalho?
André Pessoa: Nos últimos anos consolidei meu trabalho no exterior fazendo exposições e trabalhos de produção para emissoras da Europa, e agora minhas imagens chegaram até países do Oriente através de um documentário gravado na Serra da Capivara pela Rede CGTN da China. Eu também fui protagonista e apresentador da série internacional de TV da National Geographic Channel, Across the Amazon, que percorreu a América do Sul do extremo leste na Paraíba, saindo do oceano Atlântico até o extremo oeste do continente no deserto de Talara, no litoral do Pacífico no Peru, já na fronteira com o Equador.
Minha carreira hoje traz na bagagem a produção de dezenas de programas Globo Repórter em parceria com o Francisco José, campanhas de combate à fome, como a desenvolvida pelo Grupo Meio Norte em meados de 1998, 1999 e 2000, quando forte seca atingiu o Piauí e fui de helicóptero até os rincões mais isolados para distribuir alimentos, ou quando descobrimos a miséria de Guaribas e começamos a publicar matérias sobre o lugar até o presidente Lula escolher a cidade como símbolo do programa Fome Zero.
Também é minha a denúncia que desencadeou na cassação do primeiro prefeito de Guaribas por desvio de merenda escolar. Hoje sou cidadão piauiense e de alguns municípios que me deram títulos de reconhecimento. Já recebi homenagens, medalhas e honrarias de governadores, deputados, prefeitos e vereadores, mas o que me deixa mais feliz é viver em meu rancho numa das entradas do Parque Nacional Serra da Capivara – lugar que escolhi para morar e viver meus últimos dias”.
Jornal Meio Norte: Junto com a Rede Meio Norte você realizou algumas campanhas. Pode citá-las?
André Pessoa: Na parceria com o Grupo Meio Norte de Comunicação fiz inúmeras campanhas ambientais em prol da natureza do Piauí. Fui um dos primeiros jornalistas a mostrar a criação do Parque Nacional Nascentes do Parnaíba, lutei colocando em risco minha própria vida para defender a Serra Vermelha, ameaçada de virar carvão e, claro, tenho sido nesses últimos 26 anos o maior defensor, divulgador e ativista da Serra da Capivara, levando a imagem positiva do Piauí para o Brasil e o mundo.
Jornal Meio Norte: No Piauí, como você vem atuando com seu trabalho?
André Pessoa: Tenho uma marca relevante de trabalhos prestados. Minha fotografia foi decisiva para a criação, em 1998, do Parque Nacional Serra das Confusões, atualmente a maior reserva federal do Nordeste, com 825 mil hectares. Um presente para a conservação da Caatinga e o meu legado para as novas gerações,. Fui o protagonista da criação da unidade de conservação. Cheguei a ir para Brasília mostrar as imagens às autoridades federais em companhia do deputado Paes Landim. Trabalhei com os técnicos do IBAMA, fazendo os levantamentos necessários, busquei publicar dezenas de reportagens sobre o lugar e estava nos jardins do Palácio da Alvorada quando o presidente Fernando Henrique Cardoso assinou o decreto de criação do parque em pleno Dia da Árvore. Importante dizer que o jornal Meio Norte teve papel decisivo nesse processo fazendo toda a cobertura do caso.
Jornal Meio Norte: Como aconteceu o contato com a imprensa local e pelo Brasil?
André Pessoa: Não demorou e fiz amizade com três jornalistas de Teresina – Tânia Martins, Marcelo Rocha e João Carvalho, com os quais desenvolvi inúmeras reportagens para televisão e jornais da capital piauiense. O jornalista José Osmando acabava de assumir a direção do Grupo Meio Norte de Comunicação e logo Rocha e Carvalho foram até ele e informaram: “Zé tem um repórter em São Raimundo que pode contribuir enviando notícias do Sul do Piauí”. Fui contratado pelo jornal Meio Norte e essa relação já dura duas décadas de parceria, com centenas de reportagens veiculadas na TV, jornal, revista e site do Grupo. Foi aí que a carreira começou a deslanchar. Trabalhei na Serra da Capivara e fiz reportagens inéditas. Em seguida, as portas das grandes redações dos jornais e revistas do eixo Rio e São Paulo se renderam ao meu trabalho. Ícones do jornalismo mundial, como os veículos National Geographic, Discovery Magazine, Superinteressante, Rolling Stone e muitas outras começaram a me convidar para cobrir pautas no Brasil e no exterior. Em pouco tempo estava percorrendo o mundo, cobrindo temas no Egito, na África do Sul, no México e em dezenas de outros países dos diferentes continentes. Atualmente, conheço todos os países da América do Sul, dezenas de países da Europa, América Central, Estados Unidos, lugares como a Jordânia e a Turquia, no Oriente Médio, além de todos os estados brasileiros e suas capitais. Eu sempre soube que antes de desbravar o mundo precisava conhecer profundamente o meu próprio país.
Jornal Meio Norte: Quando você começou a desenvolver projetos nessta região?
André Pessoa: Em 1993 veio o convite irresistível: voltar ao Piauí para criar um jornal local em São Raimundo Nonato. Eu vim de mala e cuia. Criei o periódico “Raízes do Piauí” e, paralelamente, comecei a desenvolver trabalhos de documentação científica para a Fundação Museu do Homem Americano. Logo um jornal de Teresina me contratou e criou uma sucursal na cidade. Comecei ali uma longa história de paixão e dedicação às belezas, problemas e peculiaridades do sertão.
Jornal Meio Norte: Como aconteceu o seu primeiro contato com a Serra da Capivara?
André Pessoa: Como aconteceu com a arqueóloga Niède Guidon na primeira tentativa de chegar à Serra da Capivara, na década de 1960. Em 1989, eu também não conheci os sítios arqueológicos – naquela época as estradas estavam inacessíveis e era necessário um carro 4×4 para o deslocamento até os desfiladeiros que marcam a paisagem do parque nacional. Não vi as pinturas rupestres, mas fiz muitos amigos na cidade e fiquei apaixonado pela culinária do sertão. Logo me mudei para a capital do Paraná, Curitiba – terra literalmente fria, tanto no aspecto do clima como na possibilidade de fazer amizades. Estava naquelas “bandas” fazendo um curso de fotografia e trabalhando numa produtora de vídeo. Na primeira oportunidade que tive férias, meados de 1992, peguei um avião até Recife e, de lá, outra vez um ônibus para o Piauí. Agora, sim, desbravei a Caatinga selvagem, fiz centenas de fotos dos sítios arqueológicos e das paisagens e voltei para o Sul ainda mais impressionado.