PROJETO ARTE NA PRAÇA REALIZARÁ A INTERVENÇÃO ARTÍSTICA “TORQUATO NETO, ONTEM, HOJE, SEMPRE…” COM PARTICIPAÇÃO DO MÚSICA PARA TODOS!
O Projeto Arte na Praça, coordenado pela Professora Roze Magalhães, vai promover uma intervenção artística sobre TORQUATO NETO, dia 09/11, às 19h, no Espaço Osório Jr/Complexo Cultural Clube dos Diários. A Professora Roze Magalhães é muito apaixonada pela obra de Torquato Neto, e já fez diversos movimentos, com seus alunos, tendo a obra de Torquato como foco principal. Dessa vez ela vai aproveitar o momento para realizar esse evento de forma beneficente em prol da saúde do jornalista Kenard Kruel, que ainda está debilitado.
“Nossa intenção é conseguir vender os livros do nosso amado Kenard, que também é um aficionado pela obra de Torquato Neto, e já publicou 2 livros sobre a vida do poeta. Agradeço aos artistas que estão se doando para esse momento e a parceria da cantora e poetisa Cláudia Simone, o Projeto Música Para Todos e ao João Vasconcelos, Diretor do Theatro 4 de Setembro. Há muitos anos realizo intervenções com a obra de Torquato Neto e será um prazer levar o evento para um espaço maior, os jovens se encantam com a força da obra de Torquato! Vai ser lindo!” disse a professora.
A INTERVENÇÃO ARTÍSTICA “TORQUATO NETO, ONTEM, HOJE, SEMPRE…” vai utilizar diversas linguagens como Exposição, que traz Cartuns de artistas nacionais e internacionais retratando o Anjo Torto piauiense e livros sobre Torquato; acontecerá o show “Literato Cantabili” da cantora e poeta Cláudia Simone, primeira artista piauiense a gravar um DVD em homenagem a Torquato Neto e que, recentemente, foi premiada nacionalmente com o Prêmio Grão de Música. Vai acontecer também participações especiais de Roraima, Saquá e Doguinha, Camie, e da Banda MPB Para Todos, e a Palestra do escritor, editor, jornalista e pesquisador Kenard Kruel, que será o grande homenageado do evento.
“Torquato Neto é uma lenda para as artes no Piauí e no mundo, marcou época, pois foi um importante jornalista, compositor, cineasta e ator brasileiro, por isso ele era Multimídia! Sempre é importante falar sobre a obra de Torquato, pois quem conhece o artista descobre coisas novas e principalmente para a nova geração que recebe a obra do Torquato com muito entusiasmo! ” declarou Cláudia Simone, que está na organização do evento em parceria com o Instituto Arte na Praça.
A educadora Roze Magalhães é a idealizadora do Projeto Arte na Praça que atende 80 estudantes que são beneficiados com aulas de arte e música. O espaço, alugado com o salário da professora, é mantido com muito esforço. Esse esforço foi recentemente reconhecido pela FLIQ THE (Feira de Livros InfantoJuvenis, Quadrinhos e Anime) que homenageou a Professora Roze Magalhães e os professores Kássio Gomes, Wellington Soares e Cineas Santos.
O que antes era apenas um projeto que surgiu em uma escola de tempo integral para melhorar o desempenho escolar dos alunos, hoje é algo que está dentro da comunidade. No bairro Renascença II, zona Sudeste de Teresina, ela criou um refúgio para a juventude, onde um grupo de trabalho voluntário transforma vidas.
SOBRE O HOMENAGEADO
Kenard Kruel Fagundes é formado em Letras Português e Letras Inglês pela Universidade Federal do Piauí – UFPI. Especialista em Literatura Brasileira pela PUC de Belo Horizonte. Foi aluno especial do Mestrado em Letras – Teoria Literária, promovido pela Universidade Estadual do Piauí, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco. Foi aluno especial do curso de Mestrado em Letras – Estudos Literários, promovido pela Universidade Federal do Piauí.
Foi coordenador do Projeto Petrônio Portella, o Plano Editorial da Fundação Cultural do Piauí. Diretor da Biblioteca Pública Estadual Des. Cromwell de Carvalho, da Fundação Cultural do Piauí, na gestão da professora Aldenora Mesquita, no segundo Governo Hugo Napoleão. E é um dos escritores com maior número de obras publicadas no Estado do Piauí.
Obras: Em parceria: Em Três Tempos (1979); O Rio (1980); Dança do Caos (1981); Baião de Todos (1996) e Nordeste (1999 – MEC, Sesc e Fundação Joaquim Nabuco), Eurípides de Aguiar – escritos insurgentes (2012). Individual: Victor Gonçalves Neto – Um Anjo Escarlate (1998); Torquato Neto ou a Carne Seca é Servida (1a edição em 2001 – 2a edição em 2008), 1º lugar Prêmio Mário Faustino da FUNDAC (2000); Gonçalo Cavalcanti – o intelectual e sua época (2005), Djalma Veloso – o político e sua época (2006), O. G. Rêgo de Carvalho – Fortuna Crítica (2007), Eurípides de Aguiar – escritos insurgentes (2011) e Genu Moraes – a mulher e o tempo (2015).
Veja abaixo a Biografia que mescla pesquisa e informação do homenageado do evento realizado pelo projeto Arte na Praça, o escritor e palestrante Kenard Kruel.
TORQUATO NETO O ETERNO ANJO TORTO
Torquato Pereira de Araújo Neto nasceu em Teresina, 9 de novembro de 1944 e morreu no Rio de Janeiro em 10 de novembro de 1972, foi poeta, ator, cineasta, jornalista, letrista de música popular, experimentador ligado à contracultura.
Torquato Neto era o único filho do defensor público Heli da Rocha Nunes (1918 – 2010) e da professora primária Maria Salomé da Cunha Araújo (1918 – 1993).
De Teresina, mudou-se para Salvador aos 16 anos para os estudos secundários, onde foi contemporâneo de Gilberto Gil no Colégio Nossa Senhora da Vitória (Marista) e trabalhou como assistente no filme Barravento, de Glauber Rocha. Torquato envolveu-se ativamente na cena soteropolitana, onde conheceu, além de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia.
Em 1962, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar jornalismo na universidade, mas nunca chegou a se formar. Trabalhou para diversos veículos da imprensa carioca, com colunas sobre cultura no Correio da Manhã, Jornal dos Sports e Última Hora. Torquato atuava como um agente cultural e polemista defensor das manifestações artísticas de vanguarda, como a Tropicália, o cinema marginal e a poesia concreta, circulando no meio cultural efervescente da época, ao lado de amigos como os poetas Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos, o Cineasta Ivan Cardoso e o artista plástico Hélio Oiticica. “escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. E o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela (…). Quem não se arrisca não pode berrar.”
Nesta época, Torquato passou a ser visto como um dos participantes e idealizadores do Tropicalismo, tendo escrito o Breviário Tropicalismo Para Principiantes, no qual defendeu a necessidade de criar um “pop” genuinamente brasileiro: “assumir completamente tudo o que a vida dos trópicos pode dar, sem preconceitos de ordem estética, sem cogitar de cafonice ou mau gosto, apenas vivendo a tropicalidade e o novo universo que ela encerra, ainda desconhecido”.
Torquato também foi um importante letrista de canções icônicas do movimento tropicalista.
No final da década de 1960, com o AI-5 e o exílio dos amigos e parceiros Gil e Caetano, viajou pela Europa e Estados Unidos com a mulher, Ana Maria Silva De Araújo Duarte, e morou em Londres por um breve período.
De volta ao Brasil, no início dos anos 1970, Torquato começou a se isolar, sentindo-se alienado pelo regime militar. Passou por uma série de internações para tratar do alcoolismo e rompeu diversas amizades. Em julho de 1971, escreveu a Hélio Oiticica: “o chato, Hélio, aqui, é que ninguém mais tem opinião sobre coisa alguma. Todo o mundo virou uma espécie de Capinam (esse é o único de quem eu não gosto mesmo: é muito burro e mesquinho), é o que eu chamo de conformismo geral
É isso mesmo, a burrice, o é escapismo, vanguardismo de Capinam que é o geral, enfim, poesia sem poesia, papo furado, ninguém está em jogo, uma droga. Tudo parado, odeio.”
Torquato se matou um dia depois de seu 28º aniversário, em 1972. Depois de voltar de uma festa, trancou-se no banheiro e abriu o gás e isso levou muita gente pensar que torquato foi morto pelo regime militar. Sua mulher e seu filho Thiago de apens 2 anos, dormiam em outro aposento da casa. O escritor foi encontrado na manhã seguinte pela empregada da família (maria das graças, que mais tarde adotou o nome de gal, sugerido pela própria gal costa, sua homônima [frequentadora assídua da casa de Torquato]).
Foi pensando na morte do amigo que Caetano Veloso escreveu a canção “cajuína”, incluída no disco cinema transcendental. Os versos da canção relatam o encontro de Caetano com o pai de Torquato, em Teresina, algum tempo depois da morte do poeta.